quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Change, do we need?

Obama ganhou!!! O mundo se enche de esperança de mudança nesse início de século. Hope, we need. Change, we need. Eram os slogans de campanha de Barack. “É a prova de que o velho capitalismo esta no fim!”, dirão alguns efusivos esquerdistas. “É pior ainda para a grande crise de nossa geração!”, dirão outros pessimistas de direta. A bem da verdade é que a chegada de um negro, filho de um nigeriano, nascido no Hawaii e criado na Indonésia é uma quebra de paradigma na história política, de uma sociedade aristocrata, puritana e conservadora como a norte-americana. Mas será que isso representa uma real mudança na sociedade internacional? Será que essa esperança toda que tomou conta, não só dos Estados Unidos, mas de todo planeta, tem mesmo razão de ser? Não sei, mas sou meio cético em relação a essas coisas. Vou tentar me explicar.
Quando tanta expectativa se constrói em torno de uma figura política, a razão tende a fugir do plano racional dando lugar pura e somente a emoção, o que não é nada saudável para uma esfera tão racional como a política. Temos muitos exemplos históricos, e a maioria deles, catastróficos. Existem dois principais caminhos que essas personalidades acabam por tomar, salvo algumas exceções; martírio ou decepção. A primeira e trágica opção é o caminho em que se sai por cima, ou como diria o Getulião, é deixar a vida para entrar para a história. Dessa temos inúmeros exemplos; Abraham Lincoln, John Kennedy, Malcom X, Martin Luther King, só para citar norte-americanos, mas poderíamos seguir com Che Guevara, Tiradentes, Olga Benário, Zumbi, Salvador Allende entre muitos outros. A outra opção é ainda pior, é quando um grande líder, envolto em esperança por seu povo fracassa e decepciona, neste caso a sanidade do homem costuma a se esvair e vemos exemplos desprezíveis como Hitler, Chavez, Pinochet, Mussolini, Stálin, Putin e Castro. Neste caso os resultados foram catastróficos, com destruição das instituições das sociedades e, muitas vezes, alguns atos repugnantes como assassinatos e genocídios.
Não estou querendo comparar Obama com essa gente, mas considero muito perigoso envolver em exagerada expectativa qualquer político, pois isso acaba por pedir uma certa revolução e como demonstra, com resultados numéricos para quem quiser ver, o cientista político polonês Adam Przeworski, as revoluções nunca trouxeram bem-estar para as populações. O que trás bem-estar é estabilidade e credibilidade das instituições que regem a sociedade.
No entanto há uma terceira linha a ser seguida por Obama e ao que parece ele já gostou da idéia e vai tocar a barca desse jeito e por sugestão do nosso ilustríssimo presidente Lula que, na semana passada falou o seguinte: Obama tem que dizer o que eu disse quando tomei posse: 'Não posso errar’. Essa terceira linha é a mais sensata e correta a ser tomada: não errar! Não tentar reinventar a roda nem revolucionar nada e sim manter saudáveis as instituições para que estas não percam credibilidade e possam voltar a fornecer o bem-estar a população o mais rápido possível. Esta alternativa, porém, não apresenta mudança alguma, tudo fica igual, os erros são sanados e tudo continua como era antes. E Obama já mostrou que é isso mesmo que ele vai fazer, é só ver os nomes que ele já chamou pra compor seu gabinete; Volkner e Geithner pra tocar a economia, Hillary pra tocar a política externa e o mais incrível; Gates para continuar sendo o secretário de defesa.
É por essas e outras que eu sou cético em relação a essas grandes expectativas de mudança. No fundo quanto mais muda, mais igual fica. Até porque quando muda muito acaba dando em cagada. O negócio é tocar o bonde mesmo assim porque a vida continua. Essa crise vai passar como todas as outras passaram e nós vamos continuar aqui pra fazer o mundo andar pra frente. E de tudo isso, a lição que temos que tirar é a de que a verdadeira mudança é a que acontece na cabeça da gente, no nosso modo de enxergar as coisas. Aí sim espero mudança, precisamos ser mais humanos, esta é a grande lição. Viva Obama!


Um comentário:

Unknown disse...

Viva Obama Negrelis!!!! Viva Pedrão Negrelis!!!! We need change!!!! Abaixo esse papo conservador de que o saudável é manter a estabilidade de instituições... Vamos derrubar tudo e reerguer a parada sob premissas mais humanas e de amor ao próximo. Chega do individualismo consumista norte-americano!!!!